Advogado, fazendeiro,
escritor e empresário

TODOS nós vivemos vários episódios, que podem não ser interessantes para outros, mas são importantes para quem os viveu.

Vou destilando aos poucos aqueles que a meu sentir, devem ser registrados.

OS POUCOS vazantinos que, como eu, vão resistindo o tempo, têm ciência do quão difícil foi pra esse pobre vivente ultrapassar ás diversas barreiras que me foram impostas. E, para os que passaram a me conhecer após os ventos e tempestades, vão conhecer a minha trajetória.

ANTES do meu último texto: “SO PODE SER POR DEUS…”, enfrentei momentos tormentosos, buscando encontrar algum trabalho, condizente com as minhas habilidades, apesar da pouca escolaridade que eu tinha. Aliás, escolaridade, pouquíssimas pessoas podiam dizer que tinham.

MESMO assim, com muito esforço, procurava auxiliar nas diversas funções que requeriam certos conhecimentos. Haja vista que a maioria das instituições não contavam com pessoas qualificadas.

A primeira providência que tomei foi adquirir o Manual do Datilografo. Consegui com o Sr. Mundico, contador da Prefeitura, deixar que eu aprendesse datilografia, na única máquina que dispunha. Em pouco mais de um mês, aprendi escrever á máquina.

FOI um ganho enorme, não só pra mim, como para todos que dependiam de quem prestasse os necessários trabalhos.
Passei a ser o escrivão Ad oc na Delegacia de Polícia, na Conferência de São Vicente e, principalmente para o Partido Político, que tinha como Presidente o meu grande benfeitor e meu amigo, Afrânio Rosa.

MESMO não sendo eleitor, participava de todas as movimentações políticas, mormente a partir das eleições do nosso segundo Prefeito, João de Melo.

Só pude votar nas eleições do Prefeito, Gustavo Solis, que se deu no ano de 1.966. Coincidentemente votei em mim, quando concorri a uma das vagas de Vereador, sendo eleito como o Vereador mais novo até hoje. Eu contava apenas 21 anos de idade.

FUI convidado pelo Prefeito, Gustavo Solis para Chefiar o Serviço de Educação do município, á época, incipiente.
Após consulta e parecer favorável do órgão competente, se poderia acumular a função com a vereanca, que assumi o cargo de Chefe dos Serviços de Educação e Cultura.

Ressalte- se que Vereador, naqueles bons tempos, nao percebia nenhum ganho.

DAÍ, lá casado com essa guerreira, com a qual, felizmente, convivo até hoje, acumulando duas frentes de trabalho, filiado ao nosso Partido de então, fui alçado a Secretário da Comissão Executiva do mesmo, jogando mais carga no lombo. Aceitava tudo amistosamente, certo de que tinha de ser eu mesmo, nao vislumbrando outro que pudesse executar tal múnus.

A SUCESSÃO aos Cargos de Prefeito e Vereadores se aproximava. Em breve os Partidos convocariam as suas Convenções e legalizariam as futuras candidaturas.

Depois de muitas conversações, estava praticamente definido o nome do meu colega de Câmara, Hélio Pereira Guimarães, para ocupar a Prefeitura no próximo mandato. Faltava definir o nome do Vice e dos Candidatos a Vereador.

NUMA. Tarde calorenta de agosto, nos idos de 1.969, fui convidado por Seu Antônio Ribeiro que, durante três mandatos consecutivos, ocupava o Cargo de Secretário Municipal – o mais alto da municipalidade -, me convidou para tomar uma cervejinha.

Aceitei.
Fomos para o Restaurante e Pousada Kabana, que eu havia recém construída.

DEPOIS de umas duas garrafas, Seu Antônio foi direcionando a prosa para o que realmente pretendia:
– Olha, Dico( meu apelido). Está tendo uma possibilidade muito remota, mas muito remota mesmo, de eu ser candidato a Prefeito nas próximas eleições…

Imaginei, vai me pedir os meus três votos na Convenção: membro do Diretório, membro da Comissão Executiva e Vereador do Partido. Mas, não. Ele prosseguiu:
– Se isso vir a acontecer, você vai ser o meu Secretário…
Dito isso, me fitou prolongadamente nos olhos, balançando a cabeça, como era do seu feitio.
Forma interligente de garantir o meu apoio numa possível disputa na Convenção…

NÃO TITUBIEI um só momento, e respondi na bucha:
– Olha, Seu Antônio. Se o Hélio for na Convenção, os meus três votos serão dele.
Temos um compromisso e um Projeto de Governo bastante consolidado.

SEU Antônio, não se sentiu ofendido e nem decepcionado e reiterou a distância dessa sua pretensão e reafirmou novamente a sua intenção de me nomear como seu Secretário…

POUCOS dias depois, lá pelas dez horas da noite, meu telefone toca. Naquela época era tarde da noite.
Atendi. Era o Afrânio Rosa.
– .Desculpa a hora. Já tava deitado?
Sim já estava deitado, mas não havia dormido.
– vem aqui em casa, preciso trocar uma ideia com você.
E continuou:
– Pode vir de pijama mesmo. É perto e nessas horas tem ninguém na rua, não.

FOI o que fiz.
No trajeto do único quarteirão que nos separava, matutava o que ele queria. E confirmei, quando na casa dele cheguei e o Hélio lá estava.

AFRÂNIO foi logo dizendo.
Eu quero que vocês dois, (eu e o Hélio), me ajudem a resolver essa coisa com o Antônio Secretário. Ele quer porque quer ser o Prefeito. E, agora, com essa mudança do prazo pra dois anos, não acho que é o ideal pro Hélio.
Chegou a suplicar para que o ajudássemos.

NÓS já tínhamos chegado a essa conclusão. Dois anos não daria mesmo para executar o nosso Programa de Governo.
Por isso concordamos.

MAS ainda fiz duas exigências: que o Hélio fosse o Vice e o próximo Prefeito.
Ambas foram cumpridas…

VAMOS relembrar o compromisso do Seu Antônio.
Assim que tomou posse, no mês de fevereiro, ou março de 1.970, me nomeou como seu Secretário. O Cargo mais importante do seu Governo.
Mas, como eu já era funcionário efetivo da Prefeitura, as minhas férias seriam nos meados de abril.
Entrei de férias. Quando retorne das férias nos meados de maio, para reassumir o meu posto, tinha uma Portaria nomeando a competente e saudosa Luzia Helena de Melo para aquele Cargo.
Outra Portaria me colocava em disponibilidade. Ou seja, pode ficar em casa e não precisa vir no serviço.
Continuei recebendo meus salários, sem trabalhar…

PENSAM que me abalei.
Nunca. Todos que tentaram me prejudicar me alçaram a degraus acima.
Tendo tempo disponível e já idealizado:
CRIEI o CURSO DE MADUREZA GINASIAL, o pontapé para a minha formação PROFISSIONAL.

NÃO guardei mágoas, nem remoi ódio e fui amigo dele até os seus momentos finais…

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MARCIANO BORGES

Escritor, fazendeiro e empresário

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