Advogado, fazendeiro,
escritor e empresário

HOJE me deparei com uma publicação da Jardineira do Zé Furreca no face.
Foi o suficiente para me levar a retroagir há cerca de setenta anos atrás.

ZÉ FURRECA era um ser diferenciado. Foi motorista da jardineira que fazia a linha Lapa do Plampona, hoje Vazante a Patos de Minas, diariamente. Em razão da sua natureza alegre, marcou profundamente na memória de todos que com ele conviveu.

ELE dirigiu, também, por longos anos, a jardineira que servia as comunidades de São Braz e Retiro da Roça.

BRINCALHÃO, colocava apelidos em todos indistintamente. Galhofava com as pessoas de todas as idades, velhos a crianças.

Nós, as crianças de então, nutríamos por ele um certo temor, pois tinha a mania de brincar conosco,do sexo masculino, que ia nos capar, mostrando o canivete, sempre a mostra na sua cinta.

QUANDO alguém o chamava pelo apelido, Zé Furreca, ele prontamente retrucava rimando:”vou rasgar a sua cueca!”.

NAQUELES tempos a jardineira, seu motorista e o cobrador tinham um valor inestimável.
Além de conduzir as pessoas, era praticamente o único elo de ligação com a cidade de Patos de Minas, que representava a porta do Mundo.
Ali compravam as mais diversas encomendas, levavam e traziam cartas , bilhetes, Recados, etc.

O TEMPO passou.

A Empresa onde ele trabalhava, adquiriu ônibus mais modernos e Seu Zé foi relegado com a sua jardineira para fazer o itinerário,Lagamar; Sao Braz e Retiro da Roça .
Por essa razão nos afastamos e só nos víamos esporadicamente.

ME formei advogado e trabalhava com frequência na Comarca de Presidente Olégario.
Numa dessas idas a Presidente Olegario, levando comigo um cliente, ao retornar, passando na sua rua, em laganar, para deixa-lo, avistei aquele velho, muito abatido, assentado na porta da sua casa, mas ainda assim o reconheci.
Era o Zé Furreca.

Desci do automóvel, me aproximei dele e o cumprimentei:
– Boa tarde, Seu Zé Furreca!
Ele me olhou. Quis esboçar um sorriso, o que foi quase impossível.
Apesar de estar de grãvata ele me reconheceu.
– Bia tarde,Dico custoso do Oscar-se réferindo ao meu apelido e ao nome do meu saudoso pai.

Daí éle me relatou a sua real situação.
Estáva muito doente, situação financeira muito difícil. Totalmente desvalido.
Os seus empregadores, pra quem prestou cerca de cinquenta anos de sua vida laboral, o abandonaram definitivamente…

COMO sempre acontece comigo, eu estava naquele momento sendo usado por Deus, para servir aquele seu filho, que deu a sua vida a serviço dos seus senelhantes.

ISSO se deu há cerca de uns quatrarenta anos ou mais, pois já estava em vazante o médico, meu amigo, Dr Geraldo Teixeira de Lima,
O levei pra Vazante, Dr Geraldo o examinou e não teve dificuldade em diagnostica-ló com um câncer em elevado estágio de letalidade.

COMPREI os seus medicamentos. (paliativos) e o levei de volta pra Lagamar., onde daí a poucos dias, conforme vaticinou o médico, veio a falecer.

AGRADECI a Deus pela oportunidade de servir aquele que tanto serviu a nossa pequena Vila da LÁPA do PáMPLONA e por onde passou!!!

QUE DEUS  O TENHA !!!

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MARCIANO BORGES

Escritor, fazendeiro e empresário

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