A VENDA do João Mirote,hoje residência do Tião Macaúba, era onde reuniam-se os
Insaciáveis consumidores de todos os tipos de bebidas alcoólicas.
Todos os dias, com mais enfase nos finais de semana, nos feriados e dias Santos, lá estavam os mesmos se chafurdando na aguardente, a mais preferida, não só pelo efeito, como pelo preço, a mais barata.
DENTRE eles, um primo meu.
Mesmo ciente de que não poderia fazer uso de bebidas, sendo que a sua saúde não lhe permitia, pois de algum tempo pra ca foi acometido por uma patologia grave, que não combinava com bebida alcoólica nenhuma.
NUM final de semana juntou-se os costumeiros lá na venda e encharcou-se na pinga.
Depois de embriagar-se ao ponto de ser auxiliado a montar no seu cavalo, partiu debruçado nos arreios, se equilibrando nos estribos, em direção da sua casa.
ATÉ MESMO os seus companheiros de cachaça ficaram preocupados com ele.
Naquele momento armava muita chuva e, no seu percurso tinha um córrego de muitas águas. Se chovesse como estava prometendo a sua transposição ofereceria um enorme perigo.
NÃO deu outra.
Choveu um dilúvio. Foi água e mais água a noite toda. E o primo não chegou em casa.
A primeira preocupação foi o córrego, mesmo porque a sua patologia não combinava nem com água e nem com fogo.
UMA TURMA fiscalizou o córrego do vau pra baixo, enquanto outra seguiu em direção da venda. Quem sabe lá ainda estaria bebado, dormitando deitado nos próprios braços?…
Nem chegaram a meio caminho da venda , quando avistaram o seu cavalo arreado, com cabresto e freio na boca, pastando mansamente.
DE LONGE mesmo avistaram o rapaz caído de bruços envolto numa moita de jaraguá. Não bulia com um só músculo. Com certeza estaria morto., pois passou a noite debaixo de um temporal medonho e não resistiu.
IMPROVISARAM um bangue e o levaram pra casa da sua mãe, que já fora informada do ocorrido por um cavaleiro que foi despachado a esse fim.
ESPALHARAM a notícia pros vizinhos, parentes e amigos, enquanto buscavam o caixão e as mortalhas na cidade.
A MÃE, aos prantos, escolheu a melhor muda de roupa para vestir o filho para a sua última morada.
Ajeitaram uma bacia de água morna a fim de banhar o seu corpo, sujo pela enxurrada. Dois rapazes mais corajosos se dispuseram aquela tarefa.
A MEIA PORTA ouviam-se o barulho da água sendo lançada no corpo do falecido, quando gritos dos corajosos, seguido pelo batido seco da porta sendo aberta violentamente e os passos apressados deles fugindo espavoridos daquele quarto; e, o rapaz, pelado como veio ao mundo, sem nada entender, protagonizou as fugas atropeladas de todos os demais que ali estavam…
O BANHO QUENTE o despertou daquele estado de morte aparente, para a alegria da sua mãe, irmãos, parentes e vizinhos, que demoraram a retornar até a casa e aceitar aquela realidade…