JOSE FERNANDES CAIXETA, o Zé Fernandão, era um dos moradores na nossa pequena Vazante.
ORIUNDO de Patos de Minas, se transferiu pra nossa região, onde adquiriu um pedaço de terras, mas fixou residência na cidade, pois tinha muitos filhos na idade escolar.
A última morada dele, que eu me lembre, foi num chalé defronte a nossa casa. Esse chalé existe até hoje. Ultimamente pertence ao meu cunhado, Assis. Houve por herança do seu pai.
NÃO ME LEMBRO dos nomes de suas filhas mas recordo, no entanto, do seu único filho Varão, o Valter do Zé Fernandão.
A propósito, depois de muitas décadas morando fora de Vazante, há cerca de quase dois anos atrás, especificamente na festa da Lapa do ano de 2.022, nos reencontramos. Foi motivo de muitas alegrias recíprocas.
Pena que há cerca de uns seis meses passados tive a triste notícia do seu falecimento…
VOLTANDO ao Zé Fernandão, ele frequentava as casas do Sr Alirio Rosa, Seu Vicente Pena e outras, onde eu também estava sempre presente nas rodas de truco e nas conversas gostosas de todos eles, em noites memoráveis.
Eu sempre desfrutei das presenças daquelas pessoas mais idosas, colhendo bons ensinamentos e experiências que me trouxeram bons frutos na minha vida.
NESSAS RODAS de amigos ouvi muitos causos e, na medida que me acodem na memoria, tento reproduzi-los.
A MAIORIA deles era de caçadores. Por isso era comum os causos embicarem para as caçadas.
Cada qual tinha a sua matilha de cachorros e todos gabavam serem donos dos melhores. A discussão varava a noite.
ZÉ FERNANDÃO era o que mais falava.
Dono de um vozeirão, tinha a facilidade para interromper e tomar a palavra. Já o contrário, era bem difícil. Todos o tinha como um grande mentiroso…
AÍ ELE iniciou:
– Naquela caçada lá do Espigão, eu tava montado na minha besta amarelada, que só faltava falar de tão adestrada nas caçadas. Foi quando a cachorrada levantou a caça lá no meio do mato.
Agucei os ouvidos e a besta também firmou as orelhas, como quem acompanhava o toque da cachorrada.
A passo lento a mula esbarrou na cerca de arame, de onde eu observava atento
Foi quando o toque pendeu pro outro lado, me obrigando a desamontar e seguir de a-pé, seguindo o latido dos cães.
AÍ ELE dava uma pausa, bebia mais uma canecada de café, atiçava o borrão do cigarro de palha e continuava:
– NO MESMO instante o toque virou e passo pro lado de cá da cerca. Eu não tirei a vista e nem o ouvido do rumo do ganido dos tejos, passando de volta, quase sem ver, pela cerca e montei na besta. Olho e ouvido lá longe…
METI as esporas e a mula não arredava do lugar.
Eu tinha de ficar esperto pra chegar lá na espera, onde certeiramente a caça levaria chumbo.
ALGUMA coisa tava errado, pois a besta era tão treinada como eu.
Foi quando eu fui observar direito.
PODEM ACREDITAR.
EU TAVA MONTADO ERA NUM CUPIM…
E, dava aquela gaitadona grossa…