Advogado, fazendeiro,
escritor e empresário

NA PEQUENA cidade de Vazante, onde todos se conheciam, vivia o Mariano Tavares da Silva, conhecido por todos como o Mariano Barbeiro

ESSE ALCUNHA nada tinha ver com o bicho barbeiro que chupou seu sangue e no lugar da picadinha deixou o Tripanossoma Cruzi, fazendo dele um cardiopata.
Embora esse fato foi, de certa forma, determinante, pois a cardiopatia o tirou da lida pesada da roça, onde foi criado. E,assim, veio pra cidade a procura de um trabalho mais maneiro, encaixando-o no aprendizado de barbearia.

BRASILINO SALGADO, oriundo de Coromandel, barbeiro de profissão e nas horas vagas um sanfoneiro por deleite, era a única alternativa disponível para os homens cortarem o cabelo e, vez ou outra, raspar as barbas.
Com ele, o Mariano aprendeu a arte. Devido a sua habilidade, em pouco tempo a sua tesoura e navalha se fizeram as preferidas de todos.

CORTEI meu cabelo muitas vezes com o BRASILINO, levado debaixo de vara pelo meu pai. Pois, como todas as crianças, eu tinha pavor de assentar naquela tábua colocada nos braços da cadeira do barbeiro – modos de ficar mais alto – e propiciar mais conforto ao profissional, durante aqueles minutos de suplício.

JÁ ADULTO, passei a ser freguês do Mariano, alternando as vezes com o Zeca Barbeiro, outro também ofendido pelo seu xará de profissão.

AINDA JOVEM, na adolescência, em razão da carência de pessoas capacitadas, eu, que fui um dos privilegiados em cursar o quarto ano primário, passei a ser um curinga, sendo utilizado como uma espécie de secretário de todas as Repartições. Auxiliava na escrita da conferência de São Vicente; na papelada dos Partidos Políticos; como Escrivão de Polícia… enfim, onde precisassem.

EMBORA admirado por alguns, passei a ser ostilizados por outros que, nas suas mediocricidades, enxergavam em mim alguém que poderia ocupar os seus espaços, hereditariamente reservados. E, não perdiam tempo em demonstrar tais mesquinhezes, criando narrativas pervertidas, me adjetivando com todas as más qualidades que jamais tive.

ISSO ME MACHUCAVA bastante.
A minha intenção era pura e simplesmente de colaborar. Não vislumbrava nenhuma outra intenção.

PASSEI a adimirar, e por que não, ter até uma ponta de inveja do Mariano.
Ali, assentado na sua cadeira, para mais um corte de cabelo, ou mesmo deitado, para raspar as barbas, eu mirava aquele seu rosto sereno, calmo, voz macia, e ficava a imaginar:
– Como é bom ser igual ao Mariano!
Todos o respeitam, gostam dele, não lhes botam nenhum defeito…

UM BELO DIA o Mariano resolveu dar um pontapé nas tesouras e navalhas.
Com os filhos já crescidos, era conveniente cuidar de alguma coisa que pudesse ocupar a molecada, arrumando um meio de evitar que ficassem a fazer artes pelas ruas…

OBSERVOU bem e viu que cabia mais um Açougue na cidade.
Nascia mais um marchante..

DEVIDO a sua grande amizade, em pouco tempo arrebanhou uma grande freguesia.
Seu açougue era o que mais vendia. Ganhou, também, a preferência dos fazendeiros, adquirindo as melhores e mais gordas rezes e porcos, para serem abatidas.

DE PARELHAS com esse sucesso, observou-se uma reviravolta na reputação do Mariano, agora Açougueiro. Começaram-se as falácias contra a sua pessoa, claro que tudo invenções.
Espalhavam boatos quanto a qualidade das suas carnes; os cortes errados; vacas e porcos doentes; até do seu peso, colocavam dúvidas…

OBRAS dos concorrentes, espalhando narrativas falsas contra uma pessoa que trocou de profissão, mas não de caráter e honestidade.
Começou a incomodar, ocupando espaços…

FATO ESSE que me abriu os olhos e me trouxe um relativo consolo:

OS MEDÍOCRES SE NIVELAM POR BAIXO!!!

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MARCIANO BORGES

Escritor, fazendeiro e empresário

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