Advogado, fazendeiro,
escritor e empresário

PEDAÇOS DA MINHA VIDA…

A MEMÓRIA traz belas lembranças da minha vida pretérita que, ao contrário do que muitos julgam, me enche de orgulho.

A CIDADEZINHA, bem pequenininha, poucas, ou quase nenhuma oportunidade de trabalho oferecia.
Nossos pais, mesmo que tivessem condições, o que raramente as tinham, não davam moleza – se quisesse ter algum dinheiro, trabalhasse.

PRIMÁRIO completo, não tinha o que fazer.
Já foi um grande salto naqueles fugidos tempos, os pré adolescentes de então ter essa graça de cursar o primário, no recém construído, Cândido Ulhoa.
Daí pra frente só os filhos de pais abastados e que tivessem a mente aberta, poderiam procurar nas cidades mais prósperas, dar continuidade aos seus estudos.
E, diga- se de passagem, eram muito poucos.

COMO as oportunidades eram poucas a gente montava uma caixinha de engraxate, vendiam-se alfaces, tomates e outras verduras, capinava os quintais e alguns outros bicos…

FIQUEI feliz quando consegui uma vaga de servente de pedreiro na construção da Igreija Matriz, hoje o Santuário de Nossa Senhora da Lapa.
O ganho era bom. Cento e vinte, por dia. Não recordo qual a moeda. Mas percebia-se setecentos e vinte mangos por semana.
O trabalho era árduo, mas pagava a pena.

ECONOMIZEI o suficiente para dar uma entrada na compra de um relógio de pulso, era o sonho de consumo dos jovens daquela época. O restante seria pago semanalmente, até quitar o débito.

INTIMEI o meu relógio, fazendo questão de deixá-lo a mostra, bem visível, no pulso.
Pena que foi por pouco tempo.

ASSIM que o relógio marcava as cinco da tarde, saíamos apressados rumo ao campo de futebol, para o treino semanal, nos preparando para o Jogo Oficial de domingo.
Como de costume tirei as botinas sujas de massa, cal e outros restos da construção e calcei as chuteiras.
Entrei apressado pra dentro do campo de terra, atendendo ao chamado do nosso comandante, OSVALDO 40 – quem me lançou no futebol, com apenas treze anos de idade.

PARA preservar o meu relógio eu o deixava dentro de uma das botinas.
Confesso que tinha vontade de exibi-lo até mesmo no campo de jogo. Mas não era aconselhável.

NUMA dessas tardes, após o treino, volto no local onde deixei minhas roupas e as botinas, para fazer o procedimento inverso e tomar o rumo de casa, tive a maior decepção.
Algum amigo do alheio tinha surrupiado o meu relógio…

AMARGUEI muitos dias triste.
Todos os finais de semana, quando procurava o meu credor , para cumprir com a minha avença, a minha revolta era grande. Pagar com o meu suor por um objeto que um malfazejo levou sem o mínimo remorso.

MEUS pais me confortavam.a
Me mostravam que a vida tinha todos esses percalços. Esse tipo de gente sempre haverá. Temos de redobrar o nosso zelo…

COMO sempre dizia o meu velho amigo e meu Guru, Alirio Rosa, “tudo o que acontece com a gente poderia ser pior; e a gente tira algum proveito” .
Tirei, sim.
Tenho em mim que esse fato me marcou profundamente e me levou a detestar todos e quaisquer atos de desonestidades.

E, DE MODO ESPECIAL, AQUELES COMETIDOS PELOS GESTORES PÚBLICOS,QUE FAZEM FORTUNAS COM O DINHEIRO DO POVO!!!

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MARCIANO BORGES

Escritor, fazendeiro e empresário

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