Advogado, fazendeiro,
escritor e empresário

A NOSSA cidade ainda engatinhava.
Bem pequenininha, situava- se na região que a chamávamos ” do pescoço pra cima”.
PRA ficar melhor explicado era delimitada pela atual rua D. Isaura pra cima, envolvendo a rua da Biquinha, rua Antonio Belo e a praca D. Elizeu, e a saída para Paracatu, atual rua Custodio Gonçalves Sobrinho.
OS MORADORES se conheciam por nome e era comum se socorrerem com uma pitada de sal, uma coada de café, uma latinha de arroz…, geralmente pela cerca de arame que fechavam os lotes, sem rodear na porta da sala.
APESAR de pequena, tinha um comércio relativamente ativo, em razão de estar plantada em uma área de terras férteis para o cultivo do milho, feijão, arroz e a criação extensiva de gado suíno e bovino. Mais adiante, nos idos de 1.955, iniciavam as pesquisas minerais e, com elas, a chegada de forasteiros em busca de trabalho
COM ISSO, foram, também, diversos comerciantes que se aventuraram nos mais diversos ramos, instalando suas casas comerciais na incipiente cidadezinha.
DENTRE esses veio um de Patos de Minas, ou Carmo Paranaíba, não tenho certeza, cujo nome não declinarei em respeito à sua família e, também, por já ter falecido. Chama-lo-ei de Joazinho ( nome ficticio).
Pois bem. Esse Joazinho instalou o seu comércio no ramo de tecidos, linhas de costuras, bordados, agulhas, botoes e todas as miudezas necessárias para uma boa costureira mostrar a sua arte.
A SUA loja veio de encontro as necessidades locais, tendo, por isso, uma receptividade invejável. Estava sempre cheia de fregueses, principalmente as mulheres, comprando os tecidos para os seus familiares, desde os homens até as crianças.
O JOAOZINHO a princípio estava sempre presente, dando a necessária assistência aos fregueses, assessorado pela sua esposa, também muito eficiente. Os dois se mostraram ser exímios comerciantes.
COM o tempo o Joazinho deu de afastar do balcão, deixando o atendimento dos fregueses somente com a D. Ulda (Ulda), nome também ficticio da sua esposa. Ela aguentava o rojão do zelo da casa, dos filhos e do balcão
Vazante – Wikipédia, a enciclopédia livreAS COISAS ficam escondidas por algum tempo, mas num dia qualquer quebra- o sigilo e a verdade jorra. Foi o que aconteceu. O Joazinho trouxe lá da sua terra o gosto pela bebida e uma forte atracao pela putaria. E não demorou essa sua fraqueza cair na voz do povo.
A VIDA em sua casa, como não poderia ser diferente, virou um inferno. Todas vezes que chegava do puteiro, todo sujo, fedendo a cachaça, perfumes baratos e outros mal cheirosos resíduos, era recebido com xingatorios e outras ofensas, com longas e demoradas discussões.
ELE prometia para a esposa e pra ele mesmo que tomaria vergonha na cara e que mudaria o seu comportamento. Voltava pro balcão, sorriso aberto, atendendo com habilidade e respeito à sua clientela. Mas durava pouco tempo e o Joazinho quebrava as juras e retornava pro puteiro.
NUMA dessas, depois de uns dois ou três dias de farra com a mulherada, chega em casa todo esbodegado de tanta ressaca e totalmente desmoralizado.
Nesse dia ele ouviu tudo o que a D. Ulda disse, sem discutir.
Assim que os argumentos xingatorios dela exauriram-se ele pegou um facão que estava na prateleira da cozinha e ficou com ele na mão.
A mulher sentiu,se amedrontada pois, apesar de tudo ele nunca demonstrou qualquer ato de violência
Foi quando ele desabotoou todos o s botões da braguilha, sacando o bilau e o colocou no rabo da fornalha. Erguendo o facão disse pra mulher: “O problema quem causa e esse filho da puta, né?” Vou acabar com isso agora…vou decepar ele bem no pé…
A pobre da esposa voou na sua mão, tomando- a ferramenta, e com ele abraçou chorando..
NAO SEI SE AINDA VIVEM OU NAO.
Mas desaconselho algum que queira copiar essa manobra dele. E melhor pensar primeiro
Pode ser que ao invés de tentar evitar o acontecimento, pode até incentiva-lo…

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MARCIANO BORGES

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